A entrevista

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro



1. Como já aqui foi referido, um dos tópicos incontornáveis destas eleições autárquicas em Viseu é o legado do dr. Ruas e o candidato que precisa de se demarcar mais dele é António Almeida Henriques. 

É por isso que não surpreende o mantra do candidato do PSD — “novo ciclo” / “ciclo novo” / “equipa nova” (mantra repetido ao longo da entrevista que deu a este jornal há duas semanas). A forma como ele começou a entrevista foi muito bem conseguida. Disse ele: “Viseu teve um surto de progresso nos últimos trinta anos e importa neste momento dar-lhe um novo ciclo.”

Nesta simples frase, o candidato do PSD amalgamou os 24 anos do dr. Ruas com os mandatos anteriores e entregou-os à história, ao “antigo ciclo”. Nesse “antigo ciclo”, naturalmente, eles acompanham o “progresso” alcançado nos anos de Engrácia Carrilho.
Com esta referência a trinta anos, Almeida Henriques pretende alcançar dois objectivos: (i) colocar mais depressa o dr. Ruas nas prateleiras da história e (ii) disputar a Hélder Amaral o eleitorado centrista.

2. O candidato do PSD, nesta entrevista, anunciou que a sua campanha vai ter figuras de “referência nacional”. A primeira foi Augusto Mateus, um dos gurus do “aeromoscas” de Beja, que veio cá falar sobre “logística e transportes”. 

Chegado cá, o homem propôs um “centro logístico” para Viseu. Os media locais fizeram de pé-de-microfone, mas a nossa blogosfera gozou com o facto de Augusto Mateus não ter defendido para aqui o mesmo que para Beja: uma plataforma para a exportação de peixe.

Caro António Almeida Henriques: que tal fazer uma visitinha aos 96 hectares da “Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda (PLIEG)”? Aproveite a visita para tentar convencer os accionistas privados da PLIEG a investirem também no tal “Centro Logístico de Viseu” proposto, com tanta “originalidade”, pelo seu convidado.

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