O iceberg *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro


1. Na semana passada, tratou-se aqui da parte visível do iceberg das autárquicas: as “ideias”, as “listas” e a “comunicação” dos candidatos, isto é, tratou-se dos factores que eles controlam. Há uma parte escondida desse iceberg que nenhum dos candidatos controla: a política nacional.

No fim do mês, o eleitorado vai ter a primeira oportunidade para dizer o que pensa dos dois anos do governo PSD-CDS. É verdade que a “rua” tem falado: faz um ano em 15 de Setembro, a multitude do “Que se lixe a troika!” demoliu a TSU-tira-aos-trabalhadores-para-dar-aos-patrões. É verdade que as sondagens mostram um afundamento da popularidade do governo. Só que a “rua” e as sondagens não contam. Já o que as pessoas vão dizer nas eleições autárquicas conta. Vai ou não vai haver um cartão amarelo a Pedro Passos Coelho?

António José Seguro errou ao ter apostado tudo no divórcio entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Em devido tempo, chamou-se aqui a esse erro “deriva estratégica”. O líder do PS tem agora três semanas para mostrar se, politicamente, vale alguma coisa.

Vamos ter três semanas de manobras de informação e contra-informação. Muita aldrabice. Muita verdade. O costume. Depois do último chumbo do tribunal constitucional, quando é que Paulo Portas vai pintar de verde a célebre “linha vermelha” da TSU dos reformados, para todos e não só para os reformados da função pública?


2. Uma aldeia tem um largo. Uma cidade tem muitos.

Embora menos kitsch e parola agora com José Moreira, mesmo assim a Feira de S. Mateus sempre procedeu como se Viseu fosse uma aldeia e que aquele certame fosse “o” largo da cidade. Não é. Era só o que faltava que fosse.

É por isso que não surpreende o sucesso dos “Palcos Livres”, bem concebidos e bem organizados pela Zunzum, e que, nos fins-de-semana, têm enchido de gente vários largos do centro histórico de Viseu.


Teatro de Fachada — fotografia de David Silva

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