Corujinhas

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente quatro anos, em 23 de Julho de 2010


1. No ano passado, muitas pessoas estavam preocupadas com o licenciamento das captações de água. O prazo imposto pelo Decreto-Lei n° 226-A/2007 queimava em 31 de Maio de 2009.

Era necessário entregar uma “peritagem técnica de captação” feita por um especialista em “hidrogeologia”. Coima mínima para os faltosos: 25 mil euros.

Uma pessoa amiga, radicada na Alemanha, marcou as férias em Maio para “tratar dos papéis” do pequeno poço que tinha no quintal.

É que na Alemanha as leis são para levar a sério. Chegado cá, percebeu que afinal a “licença dos poços” era para esquecer.

Felizmente, esteve bom tempo. O nosso emigrante fez praia em Maio e foi a Fátima no dia 13 acender uma velinha para alumiar os nossos paridores de leis.


Fotografia daqui
Uma família de emigrantes na Alemanha, ao chegar a sua casa em Portugal, percebeu que tinha na chaminé um ninho cheio de corujas e corujinhas que faziam um barulho infernal toda a noite.

Como bons cidadãos preocupados e ecológicos, eles decidiram tratar do assunto “à alemã” e foram apresentar o caso à GNR.

Resultado: durante estas férias não conseguiram dormir uma noite sequer por causa do barulho dos bichos. Estão proibidos de tocar nas corujas. É uma espécie protegida. Não sabem se no próximo verão vão ter o problema resolvido. Já foram avisados que vão ser eles a pagarem todas as despesas.


2. Com disse Alberto Gonçalves no DN, o secretário de estado Paulo Campos foi um “firme propagandista dos chips nas matrículas”. O governante tem razões para estar feliz. E o seu ex-assessor, que tem o jackpot da venda dos “chispes” e dos pórticos, também.

Lisboa olha para este Big-Brother com bonomia. Pensa: «se nós pagamos portagens, que pague também a ‘província’.»

É só dar tempo ao tempo. Estes pórticos hão-de dar óptimas portagens à entrada de cidades falidas.

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