Um pau ao gato*

*Texto publicado hoje no Jornal do Centro


As redes sociais estão sempre à-beira-de-um-ataque-de-nervos, com o pessoal indignado a “malhar” em alguém.


O alvo preferido do nosso Facebook é Isabel Jonet, do Banco Alimentar. 

Ela na logística da comida é boa, mas nas televisões é uma desgraça. É razoável pensar que é melhor assim que ao contrário. Mas ai de quem a defenda no Facebook.

Agora, como toda a gente está a falar com toda a gente sobre toda a gente, acontecem cada vez mais “acidentes reputacionais”. Nenhuma pessoa, empresa, produto ou serviço está livre de um. É verdade que o “formigueiro” cruel das redes, passados poucos dias, arranja outro alvo, mas os estragos ficam nas vítimas.

Um problema de física, num manual do 9º ano, que falava em atirar um gato de uma varanda, pôs as redes no seu costume, isto é, a ferver de indignação. Os autores foram chamados de tudo. Um título sobre o caso no blogue Aventar: “Quando os animais escrevem manuais”.

As pessoas que aprenderam no jardim infantil a cantar o «atirei um pau ao gato» agora não aceitam sequer um "supônhamos" num livro de física. Touradas e casacos de peles, por exemplo, são percepcionados como coisa bárbara por cada vez mais pessoas e isso é bom.

Como ensinou o pioneiro dos direitos dos animais Peter Singer, “a dor é má e quantidades similares de dor são igualmente más, seja quem for aquele que sofre” e “os seres humanos não são os únicos seres capazes de sentir dor.”

Peter Singer, quando começou nos anos 70 do século passado a distribuir folhetos no centro de Londres para melhorar a qualidade de vida dos animais, era olhado como um extra-terrestre. Quarenta anos depois o bem-estar animal é um adquirido civilizacional que vê com maus olhos, até, animais nos circos.

Esta última indignação do Facebook sobre o problema de física que “atirava” um gato abaixo de uma varanda quererá dizer que, no próximo parlamento, vamos ter um deputado do PAN — Partido pelos Animais e pela Natureza?

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