Caçadeira*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, de 28 de Setembro de 2007


1. Na Assembleia Municipal de Fevereiro, António Neves, Presidente da Junta de Freguesia de Boaldeia, sintetizou assim a “doutrina” da Carta Educativa de Viseu: «Posso admitir a concentração dos alunos numa escola por freguesia, não posso é aceitar uma freguesia sem escola.»

António Neves tem defendido com energia a “sua” escola. Só que, infelizmente, na Boaldeia há apenas 12 alunos. Não há escala para poder haver uma boa escola.

Quando foi eleito, há seis anos, António Borges, Presidente da Câmara de Resende, percebeu que o insucesso escolar no seu concelho tinha uma causa primeira: as micro-escolas do 1º ciclo. Começou logo a tratar de fazer Centros Escolares. Com Durão Barroso o dossier empancou. Com Sócrates as obras puderam avançar. Já está em funcionamento o excelente Centro Escolar de S. Martinho de Mouros. Se houvesse um de igual qualidade na zona oeste do concelho de Viseu, com refeitório, mediateca, auditório, quadros interactivos, ..., o Presidente da Junta de Boaldeia e as famílias eram os primeiros a quererem lá as suas crianças.

Daqui
2. Enquanto ouvia a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, no programa Prós e Contras da RTP1, fria como um icebergue, incapaz de mostrar um sorriso ou de dizer uma palavra de ânimo para quem ensina ou quem aprende, lembrei-me das palavras de Daniel Faria:

(…) o que dói às aves
Não é o serem atingidas, mas que,
Uma vez atingidas,
O caçador não repare na sua queda.

Espero que, em 2008, nas nossas escolas, as asas feridas se comecem a curar e, claro!, que José Sócrates chegue junto da ministra e lhe tire a “caçadeira” das mãos.

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